Mulheres Negras Decidem surgiu em março de 2018 como uma campanha política da Rede Umunna para qualificar o debate da sub-representação de mulheres negras na política institucional no Brasil. Em 2019, com a expansão da campanha e da hashtag pelo Brasil, a Umunna decidiu se comunicar apenas como movimento Mulheres Negras Decidem.
A Umunna nasceu no projeto Minas de Dados, imersão em narrativas e tecnologias para governos abertos da Transparência Brasil, em parceria com o Olabi Makerspace e Data Lab, com financiamento-semente da Organização dos Estados Americanos.
Cinco mulheres negras do Rio de Janeiro, de Salvador e de São Paulo foram selecionadas para participar da primeira turma, do dia 19 de fevereiro ao dia 14 de março de 2018. A proposta era que no final da imersão, apresentassem um projeto sobre política e dados com recorte de raça e gênero. Durante um mês, Ana Carolina Lourenço, Diana Mendes, Gabriele Roza, Juliana Marques e Lorena Pereira idealizaram uma rede de mulheres negras que disputasse o debate da participação política no Brasil.
Na apresentação final, no dia 14 de março de 2018, a proposta inicial para a formação da Umunna foi lançar a campanha #MulheresNegrasDecidem para reforçar o poder de decisão das mulheres negras no Brasil, já que somam 27% da população, representando o maior grupo demográfico brasileiro. Naquela quarta-feira, os abraços de felicidade viraram abraços de consolo do dia pra noite, no mesmo dia, a vereadora Marielle Franco foi brutalmente assassinada após sair do evento Mulheres Negras Movendo as Estruturas, na Lapa, onde três das integrantes da Umunna estavam presentes.
A partir daquele dia, o projeto se tornou ainda mais urgente e rapidamente outras mulheres negras se aproximaram do grupo buscando um espaço seguro e confortável para conversarem sobre política. Começaram então, no mês seguinte, em abril, a fazer encontros quinzenais de formação política com mulheres negras no Rio de Janeiro e em São Paulo, com a ideia de que discutir e qualificar o debate político gera mudanças transformadoras e de que o contexto político poderia favorecer a construção de uma rede onde as mulheres negras se posicionasse sobre questões que impactam suas vidas.
Em três meses, a partir do ciclo de formação política e em articulação com organizações de mulheres negras, ativistas e pesquisadoras negras, o grupo construiu a plataforma Mulheres Negras Decidem. Plataforma de mobilização centrada em dados que exemplifica as estruturas específicas que produzem a sub-representação do grupo na política. O objetivo era que os dados e as narrativas presentes na plataforma pudessem fortalecer os discursos das mulheres negras, das candidaturas de mulheres negras nas eleições de 2018, dos movimentos sociais e das comunidades de direitos humanos, inovação política, transparência e dados.